sábado, 7 de fevereiro de 2015

uma rapidinha da pracinha.

a criança sobe no escorrega mais alto da pracinha e congela lá de cima - de onde a mãe de um metro e meio não consegue tirá-la. a mãe chama:
- vem filha! - mas a criança permanece imóvel, olhando prum ponto fixo.
- naum.
- veeem fiiilha, dá a mão pra mamãe! - a mãe se põe na ponta dos pés, se estica toda e ainda assim não chega nem perto de alcançar a cria. 
- a moxa! - a menina aponta.
- que moça? - a mãe indaga.
- a moooxa mamain! - a cria insiste apontando pro nada.
- não tem moça, Dora. desce logo daí - a mãe começa a perder a paciência, mas segue esticada tentando alcançar a cria.
- a Dóia vai dexer naum. a moxa! - segue apontando pro nada.
a mãe começa a pensar em tudo o que andou lendo sobre mediunidade em crianças pequenas. sobre como eles são sensitivos e começa a aceitar que, para a criança, talvez tenha mesmo um moça ali. engole o ceticismo e segue na batalha pra tirar sua filha do alto da torre do escorrega:
- filha, mostra pra moça como você sabe escorregar. diz "oi, moça! tudo bem?" dá tchau pra moça. você quer brincar com a moça? - tenta de tudo.
- moxa não, mamain. mo-xa! tá moiado da chuuuva!



não tinha espírito nenhum. era só uma poça d'água no fim do escorrega.

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