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segunda-feira, 4 de julho de 2016

carta a uma amiga puérpera.

eu queria dizer que tô com saudade de você. e que tô aqui pensando que você deve estar com saudade de você também. e que me mata um pouquinho não poder passar aí de vez em quando no fim do dia com um saquinho de pão de queijo pra botar no forno enquanto você toma um banho com calma e eu seguro João pra depois a gente bater um papo e falar da vida. eu queria te dizer que espero muito que você tenha alguém fazendo isso por você agora, pq eu sei bem o valor disso no momento em que você tá vivendo. e que sei também que posso estar falando um monte de besteira, pq cada experiência é única e essa é a sua, e não a minha.
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mas eu queria te dizer também que essa fase passa. boa ou ruim - e meu chute é de que ela esteja sendo um muito dos dois, as vezes ao mesmo tempo -, ela passa. te dizer que hoje eu dei de cara com uma menina enorme no skype e ela tava orgulhosa fazendo pum-de-boca que aprendeu. por um breve momento eu a não reconheci, pq ontem mesmo ela era esse bebezico aí, como o seu, que me fazia sentir saudade de mim, sendo que eu nem sabia mais ao certo quem eu era. hoje eu sei um pouco mais quem eu sou e ela... bem, ela não perde tempo na descoberta de si enquanto cresce numa velocidade audaz de quem não tá nem aí pras saudades que tá deixando.
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repito, essa fase passa. não digo que você voltará a ser você, mas logo você voltará a fazer as suas coisas, aos poucos a vida se rearranja. e aí a gente vai conseguir sentar, tomar um chopp enquanto as crianças correm por aí. prometo.

segunda-feira, 7 de março de 2016

recado grávido

prezado ser-humano-não-gestante,
se você vê uma gestante fazendo algo que - você acha que - ela não deveria fazer por conta da gestação e sente uma necessidade incontrolável de alertá-la sobre suas atitudes, observe o tamanho da barriga. pense que quanto maior o tamanho da barriga, maior a chance dela já ter ouvido o que você tem a dizer a ela. se, ainda assim, você optar pelo alerta, faça-o de maneira gentil e simpática.
ao final do seu discurso, deseje tudo de bom a gestante e seu bebê e pare por aí. nenhuma mulher grávida gosta de ficar ouvindo histórias trágicas de como você conhece "n" mulheres que perderam bebês de formas banais ou trágicas.
grata pela atenção,
ser-humano-gestante-com-níveis-perigosamente-baixos-de-paciência

(texto original de mar/13 
- 35 semanas de gravidez)

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

rapidinhas: meleca.

conta minha mãe que, antes de ter filhos, sempre achou horroroso criança que dava língua. e aí eu nasci. basta folhear uma meia dúzia de álbuns de fotografias da minha infância para logo identificar meu maior hábito ao posar nas fotos: dar a língua. 
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vinte anos mais tarde, eu, adulta, tenho nojo-de-revirar-o-estômago de criança comendo meleca. e aí eu tenho uma filha que...

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se apega no mantra: 
vai-passar-é-só-uma-fase-vaiiii
passar-é-só-uma-fase-vai-passarrrrr
é-só-uma-fase-vai-passar-éééé
só-uma-fase-vai-passar-é-sóóóó
uma-fase-vai-passar-é-só-umaaaaa
fase-vai-passar-é-só-uma-faseeeee

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

carta aberta a quem não anda pra cima e pra baixo carregando um bebê

Prezados seres habitantes de um universo paralelo ao meu onde você não carrega um bebê por aí com você a onde quer que você vá,
este texto é para você, que encontra na rua uma mãe com um simpático bebê sorridente e acaba interagindo com a dupla. Seguem algumas dicas de etiqueta nesta interação:
- pode elogiar a vontade, mas se não tem algo positivo para falar? Não fale. Histórias sobre como a prima do ex-namorado da sua vizinha perdeu de forma trágica um filho com a mesma idade dificilmente vão interessar. Pode ficar só interagindo com o bebê, não tem problema.

- evite colocar a sua mão na mão do bebê. Bebês estão passando pela fase oral, colocam tudo a boca. Sua mão pode até estar limpa, mas a mãe da criança não sabe disso e não vai fazer muita diferença se você falar que acabou de lavar a mão.
- evite passar a mão na barriga de uma grávida que você nunca viu na vida. Acha isso um exagero? Imagine a situação sem a mulher estar grávida. Eu sei o milagre da vida é lindo, mas você sairia acariciando a barriga de estranhos se não fosse o bebê ali dentro? Se faz muita questão de passar a mão, peça. A mãe ainda é a dona da barriga.
- em hipótese alguma ofereça algo para o bebê comer sem antes perguntar a mãe se ele já come ou se ele pode comer aquilo que você quer oferecer. (Isso pra mim vale até para crianças maiores.)
- por favor, nunca pergunte “o que é que ele tem?”, “o que tem de errado com ele?” ou similares quando o bebê está chorando. O que quer que esteja acontecendo, a mãe provavelmente já sabe o que é e já está fazendo o possível para resolver. Se o choro do bebê te incomoda, se retire.
- também não tente adivinhar. Frases como “É fome, por que você não dá a mamadeira?”, “Tá com sono, né? Olha só como está tarde!” ou “Ela não está com frio? Olha a perninha de fora” são comentários absolutamente dispensáveis. Como dito ali em cima, a mãe já sabe o que está acontecendo e já está tomando as providências.
- não diga o que você acha. Sério. Mesmo que você tenha parido 10 filhos e criado mais 10 que foram largados na tua porta e todos eles estejam bem de vida, saudáveis e bem resolvidos. Ainda assim, quem sabe o que é melhor para aquele bebezinho em questão é a mãe dele.
- ofereça ajuda, mas não insista. Por mais enrolada que aquela mãe pareça estar, ela está acostumada a fazer o que quer que esteja fazendo. E se precisar de ajuda ela vai logo aceitar, ou até pedir. Insistir em ajudar enche o saco.
Bom senso, minha gente. Eu sei que não vem de fábrica. Mas pense que você é um estranho e o bebê é a coisa mais importante da vida daquela mãe.
E que fique claro que essas são observações para quando você é um estranho. Amigos e família servem para dar pitacos e interagir! 
Emoticon smile
ass. uma mãe que esteve junto a uma estranha sem noção por 40min num engarrafamento com a filha chorando de sono

sábado, 9 de maio de 2015

seja mãe, não tenha razão.

positivo. parabéns! aproveita a barriga. cuidado pra não engordar muito. tem que ser parto normal, é melhor pra mãe e pro bebê. marca logo a cesárea, vai sofrer pra quê? 

isso mesmo, tem que amamentar. leite materno é amor líquido, essencial para o vínculo entre a mãe e o bebê. dá logo a mamadeira, o pai também tem direito a esse momento. seu leite é fraco. tá chorando, é sede, dá um gole d’água. esse menino dorme demais. mas ainda não dorme a noite inteira? nessa idade meu filho já ia direto até de manhã. olha só, já tá engatinhando! tira ele do chão, tadinho. dá só um biscoito, pra não aguar. você perde esse tempo todo fazendo comida pra ele jogar no chão? você deixa ele muito solto. fica tempo demais no colo. bota na creche, que melhora. tadinho, fica o dia todo na creche! você tem coragem de deixar em casa com babá? você está em casa cuidando dele até agora? mas e a sua vida? não vai voltar ao trabalho? a mulher não pode esquecer da vida por causa de filho. vai sair pra se divertir... que você está fazendo na rua uma hora dessas, não tem filho pequeno pra cuidar?

ele já tá na escola tão novinho? escola tem que ser tradicional, pensar no futuro. essa escola é muito rígida, criança tem que ser criança. não pode dar tudo o que o menino pede, não vai aprender a dar valor as coisas. só um presentinho por bom comportamento não faz mal a ninguém. aniversário de criança tem que ser comemorado. com o dinheiro que ela gastou nessa festa eu teria feito uma viagem. toda menina gosta de rosa. por que tudo dela tem que ser rosa? deixa um minuto na frente da tv pra você descansar. essa criança assiste televisão demais. você tá criando essa criança numa bolha. você é dura demais com ele. pra que tanta atividade extra curricular?  como assim ele passa a tarde em casa sem nenhuma atividade? ele não faz aula de nada?

já sai a noite tão nova? deixa a menina aproveitar a adolescência. você não dá limites, a vida vai ensinar pra eles. deixa de ser careta. deve ser triste vê-los saindo de casa tão cedo. eles ainda moram com você? e então, quando vêm os netos?



segunda-feira, 20 de abril de 2015

a gente não quer só comida.

ele estava ali sentado no chão. usando uma camisa de adulto bem suja. encolhido na frente a loja de roupas. me olhou de longe e sorriu. seguiu observando o troca-troca de colos da minha filha que acabou indo pro chão e também ali sentando.  pediu algo ao pai dela, que negou. e então veio a mim:

- tia, me compra um chinelo?

ele não pediu comida. não contou uma história triste (será que precisava contar?). ele estava descalço e pediu um chinelo. entramos na loja. eu, com filha no colo, ele, animado ao nosso lado, e o pai dela logo em seguida.

- ó tô com ela aqui! – ele avisa de pronto ao segurança, deixando evidente a experiência de alguém que deve ser constantemente expulso daquele lugar. o segurança me olha contrariado, estou claramente quebrando regras ao entrar com Luan naquela loja.

demoramos pra encontrar, a seção de calçados infantis. e quando encontramos ele sabe exatamente qual chinelo deseja.

- tia, pode ser esse aqui!?
- claro, vamos ver... quanto você calça?
- não sei.

experimentamos e, escolhido o chinelo, procuramos o caixa. Luan me conta orgulhoso que já havia conseguido ganhar um boné naquela manhã.

- como? – indago.
- pedindo, ué! uma dona muito linda comprou esse [boné] pra mim na banca.

para me mostrar o boné, Luan levanta a blusa, onde ele o guardou. o corpo miúdo do menino que diz ter 11 anos – mas parece ter 7 ou 8 – veste uma bermuda que deveria ser de um menino ainda menor.

- vamos ver uma bermuda pra você também? – eu ofereço.
- caraaaca, tia! quero uma para combinar com meu chinelo e com meu boné novo!

ele anda pela loja encantado. escolhe a bermuda. fala sobre o boné orgulhoso com a atendente do caixa - que, assim como o segurança, se mostra bastante incomodada com a presença de Luan ali. brinca com os espelhos. e me conta ainda que quer "fazer a sobrancelha que tá na moda".

em algum momento pergunto onde ele mora.
- aqui mesmo em Botafogo. por aqui.

e sua mãe?
- sei não.

e seu pai?
- tá preso.

e por fim, indago:
- Luan, você quer trocar sua bermuda nova aqui?
- claro que não né , tia? vou lá no Parque Guinle que tem cachoeira pra tomar banho. não vou colocar minha roupa nova sujo assim, né? - e confessa - mas antes ainda vou ficar por aqui pra conseguir uma camisa maneira.


ele me agradeceu. deu tchau e cumprimentou minha filha. e eu que, lá no início, pensei que só ia pagar um lanche, saí de lá concordando mais do que nunca com Arnaldo Antunes: a gente não quer só comida.  

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

um dia daqueles.

calor, muito calor. menstruação veio com tudo. daqueles dias em que a sensação é a de que acordamos pesando 3x o nosso peso. mulher de fases total. e nessa nova fase de mulher com ciclos, ainda me acostumo ao papel de mãe: mãe de tpm... mãe com cólicas... mãe de fases...


esse mês ela veio de surpresa. ontem a minha vontade era deitar e sentir o fluxo, o mundo, o vento (que vento!?). só sentir.

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e hoje, um pouco melhor, mas funcionando ainda numa velocidade digna de bicho-preguiça combinada a paciência e simpatia de um funcionário público alemão nos 2 minutos finais de seu expediente de sexta feira. como explicar isso a uma criança de 21 meses e toda a sua energia inesgotável? não sei.
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em pouco mais de 24h, já deixei almoçar na frente da tv para não dar tanto trabalho, ignorei crise de choro – dela e minha – pra terminar de dar banho, dormi longe dela pra não ter que dar o peito a noite... trófeu honorário de menasmãe pra mim.
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eis que hoje, no caminho para a creche ela resolve que engatinhar no chão da estação de metro é uma boa. e eu, sem paciência alguma, interfiro:
- filha, levanta.
- miaaauuu.
- filha, levanta! não tem ninguém engatinhando aqui...
- au au au!
- Dora levanta que esse chão tá imundo!!! – já termino a frase pegando ela do chão sem delicadeza alguma, o que dispara os sensores da culpa materna, em três micro-centésimos de segundo eu já me sinto culpada por toda a dor e sofrimento que há no mundo e já emendo o esporro num pedido de desculpas - desculpa a mamãe, filha. mamãe tá cansada, esse calor está deixando ela meio dodói e sem vontade de brincar. descul...

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ela não me deixa terminar e me envolve no maior abraço que seus curtos braços podem dar acompanhado de um delicioso e babado beijo na bochecha. segue apontando o mundo do meu colo e conversando como se nada tivesse acontecido.
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explicar pra quê? se ela o que ela entende vai muito além do verbal...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

a maternidade e o poder.

poucas são as minhas lembranças de sentir-me realmente poderosa nesses quase 30 anos sendo quem sou. uma sádica brincadeira de criança dos anos 80: jogar álcool e tacar fogo em formiga (me julguem!) no quintal de casa, isso era poder. [Dora se você está lendo isso: NÃO, VOCÊ NÃO PODE PEGAR O ÁLCOOL NO ARMÁRIO E IR QUEIMAR INSETOS! OU QUALQUER OUTRO ARTRÓPODE. OU BICHO NENHUM!] outra experiência infantil de poder que tive era tapar frestas por onde a água escorria no barro durante as chuvas de verão no quintal da casa dos meus avós, afinal era a capacidade plena de mudar o curso das águas. uaaaau! ou ainda ensinar truques às minhas cadelas, sensação fantástica de ser superior (oi?). enfim, nada que me colocaria na lista da Forbes, mas nunca me frustrei com isto.

eis que um dia alguém resolve que eu daria conta de conceber, gestar, colocar no mundo e criar um indivíduo. fudeu!  gente, isso é poder! a barriga começa a crescer, a pele e o cabelo exalam amor. as pessoas na rua te acham linda. todos elogiam, te parabenizam. concordam que aquela é a maior benção que alguém pode receber. você se torna, de fato, o centro do mundo. o ser mais poderoso do universo é a mulher grávida.

daí a cria nasce. e, no meu caso, ainda me mandaram uma cria ariana. Agora sim, fudeu!

contraditoriamente, meu empoderamento maior veio exatamente no papel em que mais tenho aprendido a ceder e negociar. desde cedo, quando ela começou a ficar grande aqui dentro e eu precisei aprender a adormecer de lado e não de bruços, como havia feito a vida inteira. ao nascer e até hoje era no peito e só no peito que dormia. pra comer, uma colher na mão dela (não importa a sujeira que ficasse por ali depois) e outra na minha mão: “filha, quer ajuda?” “nãum, Dóia tomi xozinha!” ou “ajuúda mamain”. aprender a falar foi um enorme ganho de liberdade, ela sabe se colocar, mostrar seu limite e até onde quer ser cuidada. 

um olhar sem cuidado pode achar que estou cedendo demais ou até me tachar como desatenta. mas não, o que acontece aqui entre nós duas dia após dia é uma dança que vem sendo ensaiada lá desde os dois risquinhos no palito, quando ela me mostrou que eu seria poderosíssima, ainda que não tivesse o controle de absolutamente nada. aprendemos diariamente uma com a outra, são negociações calorosas feitas com o olhar, acordos decididos na base de um toque, batalhas épicas resolvidas na fração de uma beijoca ou na eternidade de um abraço, debates silenciosos durante a noite, convenções musicalizadas num sorriso... descubro que o real poder é  saber ler o outro e jogar junto. no fim, ela ganha. sempre. e se ela ganha, eu ganho. afinal, jogamos no mesmo time.


(ainda bem que eu disse lá em cima que não almejava a lista da Forbes, né?)



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

sobre a não-solidão da maternidade e o amor que nunca para de crescer


[primeiramente uma breve nota: o texto a seguir foi escrito há algumas semanas atrás e postado num grupo querido de mães que participo. é com o sentimento descrito nele que coloco meus dois pés em 2015, sem olhar para trás. que o novo ano seja repleto de amor, e só.] 
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sobre a não-solidão da maternidade e o amor que nunca para de crescer.

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falamos tanto sobre como a maternidade nos traz uma solidão arrebatadora. hoje venho compartilhar com vocês um pouco da minha experiência contrária. eu tenho um grupo muito querido de amigos da primeira faculdade que cursei. não terminei o curso, mas os amigos viraram quase uma família. daquele tipo de grupo que uns casaram entre si, os cônjuges que foram acolhidos, que a gente chega na casa uns dos outros abrindo a geladeira, se metendo na conversa alheia, enfim... muita intimidade mesmo. rs minha cria foi o primeiro bebê do grupo e, até agora, é a única. achei, sinceramente, que essa "nova fase" na minha vida iria me afastar um bocado deles até que chegasse sua vez de procriar. mas não. 
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hoje acordei cedo com a filhota e partimos pro outro lado da cidade onde iriamos passar o dia com parte do grupo. gente, quanto amor cabe nessa vida! ver minha filha, o maior amor que eu poderia ter, crescer e criar vínculo com meus melhores amigos, os meus amores antes dela nascer, só faz aumentar o amor que eu não tinha ideia que poderia crescer ainda mais.
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essas pessoas, jovens, recém-casados, com planos de volta ao mundo e nenhuma noção do valor da mensalidade de creche ou do tubo de Bepantol, dividem comigo a mesma cumplicidade que qualquer mãe-amiga dividiria. isso me surpreende tanto. me alegra o coração. e vejo que, as vezes, só o que a gente precisa é relaxar e deixar as pessoas se aproximarem - ou reaproximarem. 
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hoje estou explodindo de amor. pela minha filha e pelos meus amigos. os mais lindos que eu poderia ter. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

cadê?

a fase dos porquês é famosa. lá pelo 4o ano (ou antes?) da criança ela passa por um momento insaciável de querer saber o porquê de tudo. ela tem algumas variações. lá em casa lembro que meu irmão repetia infinitos "mas como assim?" o-tem-po-to-do. era irritante uma gracinha!


é interessante que o adulto entenda esse momento, não minimize a curiosidade da criança e tente, na medida do possível, responder aos seus questionamentos. lembrando que na vida tudo passa, essa fase irritante encantadora também. eu, naturalmente prepotente, sempre me achei muito paciente e me considerando a "tia legal que responde tudo".

mas aí eu fui mãe, né? e daí que a cria da gente aparece, antes de completar dois anos, com uma nova variação dessa fase. por aqui chegaram os  porquês cadês.

acontece mais ou menos assim:

acabamos de sair de algum lugar, qualquer que seja. ela começa perguntando sobre alguém que ficou no lugar e de quem ela não se despediu (pq a pessoa dá tchau, mas ela não responde).

- cadê vovó?
- cadê vovô?
- cadê gato?
- cadê Nice? (nossa auxiliar aqui em casa)
- cadê Helena? (amiguinha)
- cadê mamãe da Helena? (título autoexplicativo)
- cadê moço? (qualquer pessoa com quem ela tenha cismado no metrô/no ônibus/na rua/na chuva/na fazenda/numa casinha de sapê)
- cadê (insira aqui um sujeito de sua escolha)? 

eu, após responder o mesmo cadê três ou quatro vezes, desisto e devolvo a pergunta:

- cadê, Dora, cadê vovó/vovô/gato/Nice/Helena/mamãe da Helena/moço!?